Telma Scherer
Poema de 2009, ampliado em 2012, revisto em 2020.
Multidões de trovões e no peito um Stalingrado.
Há ferros na fala a céu aberto nas telas absortas entre o torto e o sonso desse ódio com a pólvora entre os dedos.
- E a cobra viva no Rio contra o coro do mar. - E o mar contra o ovo da serpente.
As manchas no céu estanque são dos mortos e seu levante de Lázaros doloridos contra a corda vibrante do abismo com suas vísceras expostas
e vemos seus versos arremessados como sobras e soçobras de coisas que não esquecem.
Não esquecemos. Há toada de trovões - e, no peito, um Stalingrado.
Sentinelas desses corpos, somos o som dessas janelas fechadas com estrondo - de repente empurradas a punho e a trovão - driblando abismos.
Temos o que precisamos. Derrubamos um silêncio de tocaia de tambor à espreita da derrota definitiva dos Esses-esses.
E não esperamos.
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Telma Scherer, poeta, escritora, professora de Literatura, é autora da Terra Redonda, onde publicou Squirt e O Sono de Cronos.
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