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Periferia é periferia em todo lugar

Terra Redonda promove debate na feira Periferia Produz, com Carmen Silva e Lia Esperança, no lançamento do livro "Habitação social no Brasil e no México", de Higor Carvalho. Com participação surpresa de João Whitaker, diretor da FAU-USP.


Sergio Alli, editor da Terra Redonda.


As carências e a criação de soluções para o problema da habitação social são traços comuns às periferias em todo o mundo, inclusive as "periferias" incrustradas nas áreas centrais degradadas de grandes metrópoles. Esse foi o mote da roda de conversa que reuniu Higor Carvalho, autor da Terra Redonda, e as líderes populares Lia Esperança e Carmen Silva, com mediação do editor Sergio Alli. O evento fez parte da programação da feira Periferia Produz, que juntou a 2ª Feira do Livro Periférico com a 1ª Feira da Agroecologia Periférica, no Galpão do Armazém do Campo do MST, na Barra Funda, São Paulo, nos dias 5 a 7/05/23.


A conexão entre a periferia e o livro "Habitação social no Brasile e no México" começa por seu autor. Higor Carvalho, nascido e criado na região de Pirituba, periferia de São Paulo, formou-se arquiteto na USP e rodou as periferias do mundo pesquisando a questão da moradia. Já estudou o tema, direta e participativamente, no Brasil, no México, na França, na China e, atualmente, em Angola, enquanto é professor da Universidade de Genebra.


Por que esse livro reforça a ideia de que Periferia é Periferia em todo Lugar? Porque, no tema da habitação social, como também acontece na saúde ou nas demais questões de acesso aos direitos fundamentais pelas parcelas excluídas, nós vivemos um apogeu da globalização do capital. E é ele, em última instância, o centro que produz as periferias como territórios de todas as carências sociais entrecruzadas, para geração dos benefícios e privilégios que somente esse centro vai usufruir.


Mas há um outro ponto de vista, um outro olhar, sobre o que são as periferias: ele revela que elas são o lugar no qual, sob o alicerce da autonomia e da solidariedade, se gestam e se constroem as soluções para os problemas que o centro criou. No tema da habitação social, como mostra o vídeo, as soluções possíveis e sustentáveis só existem porque existem: 1) as lutas populares por moradia digna e dignidade no morar, fundamentais para pressionar os Estados nacionais a cumprirem sua obrigação de assegurar esse direito a suas populações. 2) as experiências de autonomia e criação de soluções locais solidárias, uma grande marca das periferias, seja na autoconstrução, nos mutirões e nas ocupações, nas quais o povo periférico mostra que é vitima do problema e protagonista da solução.


Para conversar com Higor sobre habitação social, convidamos duas grandes mulheres batalhadoras de tantas coisas, dentre as quais, com grande importância, a moradia.

Lia Esperança (Maria de Lourdes Andrade Silva), líder comunitária da Vila Nova Esperança, na Zona Sudoeste, entre a Raposo Tavares e o Taboão da Serra, fundadora e presidente do Instituto Lia Esperança, e reconhecida ativista pelos direitos à moradia digna, saneamento básico, saúde e educação nas periferias, através de soluções ecológicas e sustentáveis.


E dona Carmen Silva, uma das fundadoras do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC) e também da Ocupação 9 de Julho, um dos maiores e mais conhecidos quilombos urbanos do Brasil, no coração de São Paulo. Foi nomeada recentemente chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo Lula, convidada pelo ministro e vice presidente Geraldo Alckmin.


Assista à conversa no vídeo a seguir (imagens captadas por Lira Alli):


Periferia Produz

A Feira do Livro Periférico, promovida pela Câmara Periférica do Livro (CPL), chegou à sua segunda edição com a participação de 32 editoras, agora integrada com a agroecologia na Periferia Produz. Durante a programação foi possível conferir oficinas, saraus, slams, sessão de autógrafo e outros bate-papos com autores. A feira apresentou a produção editorial das periferias, fortalecendo as editoras, assim como promovendo a bibliodiversidade – ampliação da circulação de publicações de diferentes autores e visões de mundo – estabelecida no Plano Nacional do Livro, Leitura e Bibliotecas (PNLLB). A Terra Redonda é integrante da CPL.


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