“Os Sacramentos” reúne textos de 18 membros do coletivo “Laboratório Alfabético”, autores de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Rio Grande do Sul, que em seus contos desmascaram os horrores por detrás das tradições do catolicismo.
BATISMO – “A vida da nossa menina arruinada e você pensando em recepção para batizar a maldita criança! Eu teria gasto o dinheiro no aborto mas não!, somos católicos demais!”
CRISMA – “E quando os peitos se enchem do ar triscado para repetirem o coro, um bramido vertiginoso atravessa o templo e suspende palavra e acorde. Carlos corre e salta por entre os bancos da igreja, voa em ziguezague, driblando a marcha dos homens fardados que o perseguem com tiros e cassetetes”
EUCARISTIA – “Não é nem preciso se ir à igreja comer a hóstia. Até porque esta lá pode servir mais é para o contrário, para a mascarada da gente grande que desaprendeu a ser miúda” 
CONFISSÃO – “Em qualquer caso, informar as autoridades era, mais que um dever para com a Pátria, um dever para com Deus, e o dever de sigilo da confissão estaria, assim, afastado, porque seria um dever para com um fiel e não para com um apóstata”.
MATRIMÔNIO – “Explicaria para sua prima que casamento era uma farsa construída pela burguesia para garantir o patrimônio e a herança de filhos que teriam um pai certo, o marido da mãe, segundo a certidão, o que nem sempre era a pura realidade”.
ORDEM – “Minha avó lembrava que os homens sempre podiam e tinham mais que as mulheres, a começar porque podiam ser padres e isso não era permitido para as mulheres”
EXTREMA UNÇÃO – “Há pessoas que acreditam em Deus, Jeová, Maomé, Satanás e o caralho a quatro. E outras que não acreditam. Isso não significa que elas não tenham paixão por viver. A vida é muito mais do que religião”
 
14 x 21 cm
154 páginas