Em unidade na diversidade, as principais organizações do carnaval de rua da cidade de São Paulo soltaram um manifesto. Estão juntas ABASP, Arrastão dos Blocos, Comissão Feminina, Fórum dos Blocos, UBCRESP e OCUPA SP.
Foi lançado hoje e virou um abaixo assinado que todas as pessoas, coletivos culturais, organizações e entidades podem assinar. é só preencher no https://bit.ly/carnalivre2022 . Apoie e divulgue essa iniciativa.

MANIFESTA CARNAVAL DE RUA LIVRE COM DIVERSIDADE E DEMOCRACIA!
CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL E CONTRA A CENSURA! – ABRIL DE 2022
Quando a humanidade inventou a rua, o carnaval já existia. É mais antigo do que a República Brasileira, mais antigo do que a Constituição Federal. Carnaval é tradição na Cultura Popular. Ele torna reais direitos necessários para a existência humana: direito à liberdade, direito à cidade, direito à democracia, direito à folia, à alegria, ao prazer... o direito à vida!
Estamos vivendo tempos difíceis e complexos para quem defende a vida. Guerra, genocídio, pandemia, fome, carestia, inflação e desemprego. Para aglomerar na rua com responsabilidade é necessário compromisso com a ciência, alto índice de vacinação, contaminações e mortes em curvas pequenas e descendentes.
Para defender a vida nós ficamos em casa o tanto quanto foi possível nos últimos dois anos. Não colocamos o bloco na rua e cumprimos nossa responsabilidade coletiva. Nos dias atuais, o cenário sanitário parece promissor e estável. Festivais, campeonatos esportivos, eventos religiosos e de negócios estão acontecendo normalmente. O sambódromo já está com a festa marcada e não há justificativa para proibir carnaval de rua livre, diverso e democrático, nesse abril de 2022.
Não podemos aceitar qualquer violência contra o carnaval. Não podemos aceitar ameaças, censuras, punições ou castrações – físicas ou jurídicas – contra aquilo que é nosso por direito: bater nossos tambores em praça pública.
Governos deveriam apoiar a cultura e o carnaval popular. Desgovernos podem dificultar. Mas todos devem saber: quem faz e decide sobre a festa é o povo, auto-organizado em blocos, cordões, quilombos, escolas, fanfarras, suas comunidades, folionas e foliões... E não importa a forma: seja numa roda, num ensaio ou num cortejo, o carnaval deve ser respeitado.
Carnaval é respeito: aos corpos, às fantasias, à comunidade, a quem dele vive e trabalha. Carnaval é cuidar da natureza celebrando a entrada e saída de mais um ciclo. São os catadores que trabalham e se divertem, são os ambulantes que não atravancam o caminho, são as pessoas que voluntariamente cuidam da rua da cidade onde moram, são artistas. É trabalho coletivo, organicamente evocando toda nossa brasilidade.
As maiores riquezas do Brasil são nossa natureza, nosso povo e nossa cultura. Não os interesses que privilegiam o lucro, o individualismo, o consumismo e o patrimonialismo. Não aceitamos hipocrisias. Qual é o critério que privilegia aglomerações em espaços privados e reprime o livre encontro público? Nossa festa vai tomar forma e vai acontecer nas ruas, esquinas, vielas e praças de nossa cidade como sempre aconteceu, vai florescer em celebração como sempre fez.
A gente vem de longe: é ancestral e histórica a força do carnaval. Temos a Lei do nosso lado, pois a garantia da manifestação livre é direito constitucional. E seguiremos multiplicando vida através da alegria.
Contra todo tipo de autoritarismo, violência e censura contra a cultura popular!
Em defesa do Carnaval de Rua Livre, com diversidade e democracia!
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O Arrastão dos Blocos, coletivo que assina a manifesta, conta desde sua criação com a participação do Vai Quer Qué, bloco parceiro da Terra Redonda, que teve sua história registrada no livro "40 anos do glorioso Vai Quem Quer", de Pato Papaterra.
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