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Saudade de você, Ismael Ivo

Por Sergio Alli, editor da Terra Redonda

A tragédia interminável da Covid nos causa dores que a gente nem sabia. A morte de Ismael Ivo é uma grande perda para a cultura do planeta. Mas para mim foi mais. Em 1982, quando eu morava numa república no 1770 da Fradique, o Ismael apaixonou-se pelo Antonio, que trabalhava de garçom no Bacana, bar do Ronaldo Bastos na Rua dos Pinheiros. Durante alguns meses, dia sim, dia não, o Ismael ia para casa falar um oi para o Antonio. Muitas vezes, o Antonio não estava. E o Ismael, impassível, sentava-se no sofá da sala, feito de um colchão de espuma sobre uns pallets, e esperava. Horas, se fosse necessário. E eu não sabia o que fazer com aquele gigante no centro da casa. Às vezes ia lá, oferecia um café, puxava um assunto. Ismael, sempre simpático, com aquele sorrisão enorme, não dava muita bola não. Ele estava esperando o Antonio. Que, até onde sei, nunca correspondeu àquele grande amor. Saudade de você, Ismael.

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